quinta-feira, 12 de julho de 2007

"O mundo seria perfeito se todo dia fizesse sol se todo mar tivesse onda e se toda fumaca fizesse a cabeça ..." (Bob Marley)

"Nesse grande futuro, não podemos esquecer do nosso passado." (Bob Marley)

"Quando morrer quero ser cremado, e que as minhas cinzas alimentem as ervas e que as ervas alimentem as mentes de outros loucos como eu." (Bob Marley)

"Uma coisa boa sobre a música é que quando ela bate você não sente dor." (Bob Marley)

"Não tenho religião, eu sou um Rastafari-i. Isto não é religião, isto é a vida." (Bob Marley)

"O reggae verdadeiro vem da Jamaica, porque outras pessoas não podem tocar num todo; seria aí ir contra suas próprias vidas. Porque o reggae tem que estar dentro de você." (Bob Marley)

"A minha música não é contra os brancos. Eu nunca poderia cantar isso. A minha música é contra o sistema, que ensina você a viver e a morrer." (Bob Marley)

sábado, 7 de julho de 2007

>>>>RASTAFARISMO<<<<

O Rastafarianismo nasceu nos anos 30, na Jamaica.As suas raízes são o pensamento de Marcus Garvey e as palavras de Haile Selassie I.Segundo consta, num domingo em 26, Garvey, durante a missa terá dito: "Olhem para Leste, para Àfrica, onde um negro será coroado Rei." E assim foi, a 2 de Novembro de 1930, Ras Tafari Makonnen, foi coroado Rei, alegando descendência do Rei Salomão de Jerusálem e da Rainha Makeda de heba. Adotou o nome de Haile Selassie I ("o poder da divina trindade") e foi designado 225º Imperador da dinastia Salomônica, Eleito de Deus, Rei dos Reis, Senhores dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judá.Na Jamaica, os escravos negros assistiam à realização da profecia bíblica e o regresso de Deus à Terra, como homem vivo. Era o iníco da redenção e da libertação. A Fé Rastafariana pode ser interpretada de várias formas e quase todos os Rastas têm as suas próprias idéias pessoais acerca das coisas.RasTafari é uma filosofia de vida (e não uma religião), com muitas ligações à fé judaica e cristã. Os Rastas acreditam que Jah (Deus) se mostra sob forma humana de tempos a tempos.Marcus Garvey, na década de 1920, profetizou que Jah apareceria como um Rei negro de Àfrica. Este rei, segundo os Rastas é Sua Majestade Imperial, o Imperador Haile Selassie I, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Os Rastafarianos levantam a voz contra a opressão, pobreza e desigualdade... não apenas idéias religiosas mas problemas globais.O movimento, já espalhado pelo mundo, é considerado um movimento apocalíptico, que acredita que o Novo Reino está prestes a chegar. Este Reino trará a redenção da humanidade e da África, Sião (a terra sagrada). O redentor e pai é Haile Selassie I. Os Rastas libertaram a Bíblia, tornando-a numa realidade viva para os povos do mundo, com a sua interpretação dela.O caminho e a missão Rasta não pode parar nem ser sabotado. Como diz na Bíblia, eles foram e serão odiados pelos homens, acusados falsamente, objectos de escândalos e perseguidos por serem Rastafari, mas o seu destino é ser a pedra angular, as fundações. 9 Princípios:1.Temos fortes objecções em relação a alterações agudas da figura do ser humano, corte e escovamento [do cabelo], tatuagem da pele, cortes da carne.2.Somos basicamente vegetarianos, dando uso escasso a certas peles animais, ainda assim proibindo o uso de carnes suínas de qualquer forma, peixes de concha, peixes sem escamas, caracois, etc.3.Adoramos e aceitamos mais nenhum Deus além de Rastafari, proibindo todas as outras formas de adoração pagã, apesar de as respeitarmos.4.Amamos e respeitamos a irmandande da humanidade.5.Desaprovamos e abolimos completamente o ódio, ciúmes, inveja, engano, fraude e traição, etc...6.Não aprovamos os prazeres da sociedade moderna e os seus males correntes.7.Temos a obrigação de criar uma nova ordem mundial de uma irmandade.8.O nosso dever é expandir a mão da caridade a qualquer irmão/irmã que esteja em dificuldade, primeiramente aos que sejam Rastafarianos e só depois a qualquer humano, animal, planta, etc...9.Somos aderentes das antigas leis da Etiópia. Ital Comida Ital (comida vital e total) é o alimento Rastafariano e é o que Jah ordenou que fosse. "Todo o que não tem barbatanas ou escamas, nas águas, será para vós abominação." , "Melhor é a comida de ervas, onde há amor, do que o boi cevado, e com ele o ódio." É comida que nunca tocou em químicos e é natural e não vem em latas. Quanto menos cozinhados, melhor, sem sais, preservativos ou condimentos,pois assim possui maior quantidade de vitaminas, proteínas e força vital.Os Rastas são, portanto, vegetarianos. As bebidas são, preferentemente, herbais, como os chás. O licor, leite ou café são vistos como pouco saudáveis. Ganja Ganja, marijuana, cannabis é uma erva medicinal milenar usada pelos Rastas, não para diversão ou prazer, mas sim para limpeza e purificação em rituais controlados. Alguns Rastas escolhem não a usar. Muitos sustentam o seu uso através de Génesis 1:29: "E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento."O aspecto mais saliente de um/a Rasta são os dreadlocks, canudos fortes, que não são escovados ou penteados, mas cuidadosamente mantidos e lavados por quem os usa. São o símbolo da união com Jah e do empenho numa vida justa e natural. "Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba.O Leão de Judá representa Haile Selassie I, o Conquistador. Representa o Rei dos Reis pois o leão é o rei de todos os animais. Selassie I, na sua visita à Jamaica, em 21 de Abril de 1966, disse que o movimento Rasta não devia procurar a repatriação para Etiópia sem primerio libertar o povo da Jamaica. Etiópia é vista como o Monte Sião, terra sagrada, onde o Novo Mundo terá início. Esta revelação antecipou novas formas de Rastafarianismo. O objetivo era agora não só a salvação, mas também a ajuda à salvação dos outros .

A Morte do mestre do Reggae

A Morte do Mestre
No fim da turnê européia Marley e a banda foram para os Estados Unidos. Bob fez dois shows no Madison Square Garden, mas logo após caiu seriamente doente. Três anos antes, em Londres, ele havia ferido o dedo do pé jogando futebol. O ferimento se tornou canceroso e, apesar de ter sido tratado em Miami, continuou a progredir. Em 1980, o câncer, em sua forma mais virulenta, começou a se espalhar pelo corpo de Bob. Ele controlou a doença por oito meses, fazendo tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels, na Bavária. O tratamento de Issels era controvertido por só usar remédios naturais e não tóxicos e, por algum tempo, pareceu estabilizar a condição de Bob. Entretanto, repentinamente a luta começou a ficar mais difícil. No começo de maio ele deixou a Alemanha para voltar à Jamaica, mas não completou a viagem. Bob Marley morreu num hospital de Miami na segunda-feira, 11 de maio de 1981. No mês anterior, Marley havia sido agraciado com a Ordem do Mérito da Jamaica, a terceira maior honra da nação, em reconhecimento à sua inestimável contribuição à cultura do país. Na quinta-feira, 21 de maio de 1981, o Honorável Robert Nesta Marley O. M. recebeu um funeral oficial do povo da Jamaica. Após o funeral - assistido tanto pelo Primeiro-Ministro como pelo líder da oposição - o corpo de Marley foi levado à sua terra natal, Nine Mile, no norte da ilha, onde agora descansa em um mausoléu. Bob Marley morreu aos 36 anos, mas a sua lenda permanece viva até hoje.

Dicionario do reggae

Patoi
Potuguês
A Door:
Do lado de fora
Accompong:
Nome de um guerreiro
Ackee:
Fruto de um árvore africana introduzida na Jamaica em 1778
Agony:
O que se sente durante do ato sexual
Alias:
Perigoso, violento
Armageddom:
A batalha final entre as forças do Bem e do Mal prevista na Bíblia
Babilônia
Mundo Civilizado Segundo o Linguajar Rasta
Bald-Head:
1. Pessoa careta; 2. Pessoa que não usa dreadlocks; 3. Pessoa que trabalha para Babilônia
Bambu:
seda de enrolar beck (vem do nome de uma marca famosa de seda)
Batty :
Bunda; Anus
Batty-Bwoy:
Alguém que é ou é considerado como gay
Beast:
(besta) Policial
Black Up:
Fumar da erva. "You Black up today?" ("Você fumou hoje?")
Boasin Tone:
Pênis ou Testículos
Breden:
Irmãos rastas
Bulla:
Biscoito de farinha e açúcar comum na Jamaica
Blood Clot, Ras Clot:
1. Exemplos de palavrões e xingamentos muito graves na Jamaica 2. Blood Clot, também significa menstruação
Burn:
Queimar
(The) Cat:
Órgão sexual feminino
Cease & Sekkle !:
Pare com tudo e relaxe !
Chalice ou Chillum ou Chalewa:
Espécie de cachimbo que usa a mesma técnica do narguilé, misturando a fumaça com a água, usualmente feito com um coco, muito usado pelos rastas para fumar a erva
Chimmy:
Erva
Coil:
Dinheiro
Collie:
(gíria) Ganja
Corn:
1. Maconha 2. Dinheiro 3. Bala de revólver
Creation Stepper:
Quer dizer, ande pela Babilônia sem medo, viva no limite, sem medo de nada
Cutchie:
Cachimbo para se fumar em grupo
Darkers:
Óculos escuros
Dasheen:
Raíz comestível
Dread:
1. Pessoa que usa dreadlocks 2. Uma idéia ou uma coisa boa 3. Pessoa ou situação perigosa
Dreadlocks:
1. Cabelo que não é penteado nem cortado 2. Pessoa que usa dreadlocks
Dutchy:
Chá de erva, consumido pelas crianças
Fronta:
Folha de tabaco usada para enrolar a erva
Ganja:
Erva, marijuana, maconha, diamba, preto etc. Nome cient. 'cannabis sativa'
Herb:
ver GANJA
Hood:
Pênis
I-Dren:
Rasta do sexo masculino
I-Shence:
Erva
Ja, Jam-Down:
Jamaica
Jackass Rope:
Fumo de Rolo
Jah:
: Deus; Uma forma abreviada de Jehovah, o Deus do Antigo Testamento. Jah Ras Tafari-I
Kouchie:
A cabaça que faz parte do chalice, ou narguilé, usado para fumar
Lambsbread:
Uma variedade de marijuana de alta qualidade
Picky, Picky Head
Corte de cabelo 'transado', dreadlocks no nascedouro
Pussy Clot:
Xingamento referente à higiene feminina
Pyu:
chamar o Juca, vomitar
Red:
Alguém que está 'viajando' por causa da erva
Roots:
1. Derivado da experiência do povo, nativo 2. Um cumprimento 3. Nome dado a um amigo Rasta
Screechie:
Dedo-duro
Shag:
Tabaco caseiro, plantado pelo próprio dono,ou por um conhecido
Skank:
Dançar o reggae, se mover com segundas intenções
Spliff:
Cigarro de maconha largo, em forma de cone
Wolf:
Alguém que usa dreadlocks, mas não é rasta
Zion (Monte Sião):
Etiópia, África, a terra prometida dos Rastas. Muitos rastas entendem que Zion, pode ser uma sociedade mais justa, que não está em nenhum lugar específico e deve ser algo por que lutar

23 Anos sem Bob Marley


11 de maio, dia em que o astro do 3º mundo embarcou para Zion.Estamos 23 anos sem Bob Marley
O ano de 1945 foi especial. Após nove anos de uma guerra que matou milhões de pessoas em todo o mundo, finalmente a paz voltou a reinar na Terra. Em todos os cantos do planeta as pessoas se abraçaram e puderam comemorar o final do mais triste episódio da história da humanidade. Milhares de filhos voltaram para suas casas, famílias se reencontraram e a construção de um novo tempo começou. Além desse fato, houve outro grande acontecimento, que só alguns moradores da pequena vila de Nine Miles, interior rural da Freguesia de St. Ann (Santa Ana), no norte da Jamaica, comemoraram. No dia 6 de fevereiro desse ano lá nasceu o menino Robert Nesta Marley, filho de Cedella Booker, uma garota negra de apenas dezoito anos, e do Capitão Norval Marley, do Regimento Britânico das Índias Ocidentais, um inglês branco de 50 anos de idade que, devido a pressões de sua família na Inglaterra, apesar de ajudar financeiramente, pouco conheceu o filho.Apesar da escravidão ter sido abolida na Jamaica em 1834, aqueles dias de sofrimento ainda estão na memória dos descendentes de africanos e, misturados com os costumes ingleses. Já no começo do século passado a herança africana começava a ter expressão política com Marcus Garvey, um pastor jamaicano que fundou a Associação Universal para o Desenvolvimento do Negro. A organização defendia a criação de um país negro, livre da dominação branca que recebesse de volta todos os descendentes de africanos exilados na América. Foi inclusive com esse intuito que Garvey chegou a fundar uma companhia de navegação a vapor, a Black Star Line. Marcus Garvey é lembrado na Jamaica também por outro motivo. O pastor, nas suas pregações, costumava repetir uma profecia que logo se espalhou entre a população negra. Ele dizia que logo na África surgiria um Rei negro, o 225º descendente da linhagem de Menelik, o filho do rei Salomão e da rainha de Sabá, que libertaria a raça negra do domínio branco. Anos depois esse rei apareceu. Em 1930 Ras Tafari Makonnen foi coroado Imperador da Etiópia e passou a se chamar Hailè Selassié. No mesmo momento, os seguidores de Garvey na Jamaica passaram a acreditar que a profecia houvesse sido cumprida e começaram uma nova religião chamada Rastafari.Anos mais tarde, essa religião seria espalhada pelo mundo através da música de Bob Marley. Por volta da década de 50, a capital Kingston era a terra dos sonhos dos habitantes das zonas rurais da Jamaica. Apesar da cidade não ter muito trabalho a oferecer, multidões se dirigiam para lá para fatalmente engrossarem a população das favelas que já cresciam no seu lado oeste. A maior e mais miserável dessas favelas era Trench Town (ou Cidade do Esgoto), assim chamada por ter sido construída sobre as valas que drenavam os dejetos da parte antiga de Kingston. E foi para lá que Cedella se mudou junto com seu filho no final dos anos 50. O menino cresceu nesse ambiente junto com outros meninos de rua e, em especial, seu amigo Neville O’Riley Livingston, mais conhecido como Bunny, com quem começou a tocar latas e guitarras improvisadas em casa. O som que os dois garotos faziam era influenciado pelas emissoras do sul dos Estados Unidos que conseguiam captar nos seus rádios e que tocavam músicas de artistas como Ray Charles, Curtis Mayfield, Brook Benton e Fats Domino, além de grupos vocais como The Drifters que tinham muita popularidade na Jamaica. Nessa época, Bob conseguiu um emprego numa funilaria, mas já tinha a música como grande objetivo de sua vida. A busca desse objetivo ganhou dedicação exclusiva quando uma fagulha da solda com que trabalhava queimou seu olho. O acidente não teve gravidade mas o fez largar o emprego e investir unicamente no aperfeiçoamento da sua música com Bunny. Eles eram ajudados por Joe Higgs, um cantor que apesar de já possuir uma certa fama na ilha ainda morava em Trench Town e dava aulas de canto para iniciantes. Numa dessas aulas Bob e Bunny conheceram outro jovem músico chamado Peter Macintosh. Em 1962 Bob Marley foi escutado por um empresário musical chamado Leslie Kong que, impressionado, o levou a um estúdio para gravar algumas músicas. A primeira delas “Judge Not” logo foi lançada pelo selo Beverley’s. No ano seguinte Bob decidiu que o melhor caminho para alcançar o sucesso era em um grupo, chamando para isso Bunny e Peter para formar os "Wailing Wailers". O novo grupo ganhou a simpatia do percussionista rastafari Alvin Patterson, que os apresentou ao produtor Clement Dodd. Na metade de 1963 Dodd ouviu os Wailing Wailers e resolveu investir no grupo. O ritmo da moda na Jamaica então era o Ska que, com uma batida marcada e dançante, misturava elementos africanos com o rhythm & blues de New Orleans e que tinha Clement “Sir Coxsone” Dodd como um dos seus mais famosos divulgadores. Os Wailing Wailers lançaram o seu primeiro single, “Simmer Down”, pela gravadora Coxsone no fim de 1963 e em janeiro a música já era a mais tocada na Jamaica, permanecendo nessa posição durante dois meses. O grupo então era formado por Bob, Bunny, Peter, Junior Braithwaite e dois backing vocals, Beverly Kelso e Cherry Smith. Nessa época chegou pelo correio a passagem que Cedella, que tinha se casado novamente e mudado para Delaware nos Estados Unidos, conseguiu comprar após muito esforço. Ela desejava dar a Bob uma nova vida na América, mas antes da viagem ele conheceu Rita Anderson e em 10 de fevereiro de 1966 eles se casaram. Marley passou apenas oito meses com a mãe antes de retornar à Jamaica, onde começou um período que teve importância especial no resto de sua vida. Bob chegou em Kingston em outubro de 66, apenas seis meses depois da visita da Sua Majestade Imperial, o Imperador Hailè Selassiè, da Etiópia, que trouxe nova força ao movimento Rastafari na ilha. O envolvimento de Marley com a crença Rastafari também estava crescendo e, a partir de 67, sua música começou a refletir isso. Os hinos dos Rude Boys deram lugar a uma crescente dedicação às canções espirituais e sociais que se tornaram a pedra fundamental do seu real legado. Bob, então, convidou Peter e Bunny para novamente formarem um grupo, dessa vez chamado “The Wailers”. Rita também começava sua carreira como cantora com um grande sucesso chamado “Pied Piper”, um cover de uma canção pop inglesa. A música jamaicana, entretanto, havia mudado. A frenética batida do Ska estava dando lugar a um ritmo mais lento e sensual chamado Rock Steady. A nova crença Rastafari dos Wailers os colocou em conflito com Coxsone Dodd e, determinados a controlar seu próprio destino, os fez criar um novo selo, o Wail’N’Soul. Mas, apesar de alguns sucessos, os negócios dos Wailers não melhoraram muito e o selo faliu no fim de 1967. O grupo sobreviveu, entretanto, inicialmente como compositores de uma companhia associada ao cantor americano Johnny Nash que, na década seguinte, teria um grande sucesso com “Stir It Up”, de Bob. Os Wailers então conheceram um homem que revolucionaria o seu trabalho: Lee Perry, cujo gênio produtivo havia transformado as técnicas de gravação em estúdio em arte. A associação Perry / Wailers resultou em algumas das melhores gravações da banda. Músicas como “Soul Rebel”, “Duppy Conqueror”, “400 Years” e “Small Axe” se não foram clássicos definiram a direção futura do reggae. Em 1970, Aston ’Family Man’ Barrett e seu irmão Carlton (baixo e bateria, respectivamente) se uniram aos Wailers. Eles eram o núcleo da banda de estúdio de Perry e haviam participado de várias gravações do grupo. Os irmãos eram conhecidos como a melhor seção rítmica da Jamaica, status que continuariam ostentando pela década seguinte. Os Wailers eram então reconhecidos como grande sucesso no Caribe, mas internacionalmente continuavam desconhecidos. No verão de 1971 Bob aceitou o convite de Johnny Nash para acompanhá-lo à Suécia, ocasião em que assinou contrato com a CBS, que também era a gravadora do americano. Na primavera de 72 todos os Wailers já estavam na Inglaterra, promovendo ostensivamente o single “Reggae on Broadway”, mas sem alcançar bom resultado. Como última tentativa Bob entrou nos estúdios da Island Records, que havia sido a primeira a dar atenção ao crescimento da música jamaicana, e pediu para falar com o seu fundador, Chris Blackwell. Blackwell conhecia a fama dos Wailers e o grupo estava fazendo uma proposta irrecusável. Eles estavam adiantando 4 mil libras para gravar um álbum e para que, pela primeira vez, uma banda de reggae tivesse acesso as mais avançadas técnicas de gravação e fosse tratada como eram as bandas de rock da época. Antes dessa proposta as gravadoras achavam que um grupo de reggae só vendia em singles ou compilações com várias bandas. O primeiro álbum dos Wailers, “Catch A Fire” quebrou todas as regras: era lindamente embalado e fortemente promovido. Era o começo de um longo caminho à fama e ao reconhecimento internacional. Embora “Catch A Fire” não tenha sido um hit instantâneo, o álbum teve um grande impacto na mídia. O ritmo marcante de Marley, aliado às suas letras militantes vinham com total contraste ao que estava sendo feito então. Além disso, a Island promoveu uma turnê do grupo na Inglaterra e nos Estados Unidos, o que era uma completa novidade para uma banda de reggae. Os Wailers chegaram em Londres em abril de 73, embarcando numa série de apresentações que mostraria sua qualidade como banda de shows ao vivo. Entretanto, após três meses, o grupo voltou à Jamaica e Bunny, desencantado com a vida na estrada, se recusou a tocar na turnê americana. No seu lugar entrou Joe Higgs, o velho professor de canto dos Wailers. A turnê americana incluía, além de algumas casas de show, a participação em alguns shows de Bruce Springsteen e Sly & The Family Stone, a principal banda de música negra americana do momento. Mas depois de quatro shows ficou claro que colocar os Wailers abrindo espetáculos poderia ser ruim para as atrações principais. A banda foi então para San Francisco, onde a rádio KSAN transmitiu uma apresentação ao vivo que só foi publicada em 1991, quando a Island lançou o álbum comemorativo “Talkin’ Blues”. Em 73, o grupo também lançou o seu segundo álbum pela Island, “Burnin’”, um LP que incluía novas versões de algumas das suas mais velhas músicas, como: “Duppy Conqueror”, “Small Axe” e “Put It On”, junto com faixas como “Get Up, Stand Up” e “I Shot The Sheriff” (que no ano seguinte se tornaria um enorme sucesso mundial na voz de Eric Clapton, alcançando o primeiro lugar na lista dos singles mais vendidos nos Estados Unidos). Em 74 Marley passou uma grande parte do seu tempo no estúdio trabalhando nas sessões que resultaram em “Natty Dread”, um álbum que incluía músicas como “Talkin’ Blues”, “No Woman No Cry”, “So Jah Seh”, “Revolution”, “Them Belly Full (But We Hungry)” e “Rebel Music (3 o’clock Roadblock)”. No início do próximo ano, entretanto, Bunny e Peter deixariam definitivamente o grupo para embarcar em carreiras solo enquanto a banda começava a ser conhecida por Bob Marley & The Wailers. “Natty Dread” foi lançado em fevereiro de 75 e logo a banda estava novamente na estrada. A composição harmônica perdida com a saída de Bunny e Peter havia sido substituída pelas I-Threes, um trio feminino composto pela esposa de Bob, Rita, além de Marcia Griffiths e Judy Mowatt. Entre os concertos, os mais importantes foram as duas apresentações no Lyceum Ballroom de Londres que até hoje são lembradas entre as melhores da década. Os shows foram gravados e logo o disco, junto com o single “No Woman, No Cry”, estava nas paradas de sucesso. Em novembro, quando Marley voltou a Jamaica para tocar num show beneficiente com Stevie Wonder ele já era obviamente o maior superstar da ilha.“Rastaman Vibrations”, o álbum seguinte, lançado em 76, atingiu o topo das paradas americanas e é considerado por muitos a mais clara exposição da música e das crenças de Bob. O LP incluía músicas como “Crazy Baldhead”, “Johnny Was”, “Who The Cap Fit” e, talvez a mais significativa de todas, “War”, cuja letra foi extraída de um discurso do Imperador Hailè Selassiè, nas Nações Unidas. Com o sucesso internacional cresceu a importância política de Bob Marley na Jamaica, onde a fé Rastafari expressa por sua música alcançava forte ressonância na juventude dos guetos. Como forma de agradecimento ao povo da ilha, Bob decidiu dar um concerto aberto no Parque dos Heróis Nacionais de Kingston, em 5 de dezembro de 1976. A idéia era enfatizar a necessidade de paz nas ruas da cidade, onde as brigas de gangues estavam causando confusão e mortes. Logo depois do anúncio do show, o governo convocou eleições para o dia 20 de dezembro. Isso deu nova força à guerra no gueto e, na tarde do concerto atiradores invadiram a casa de Bob e o alvejaram. Na confusão os atiradores apenas feriram Marley, que foi levado a salvo às montanhas na cercania da cidade. Entretanto ele resolveu fazer o show de qualquer maneira e subiu ao palco para uma rápida apresentação em desafio aos seus agressores. Foi a última apresentação de Bob na Jamaica por oito meses. Logo após o show ele deixou o país para viver em Londres, onde gravou seu próximo álbum, “Exodus”. Lançado no verão daquele ano, “Exodus” consolidou o status internacional da banda, ficando nas paradas da Inglaterra por 56 semanas seguidas e tendo seus três singles - “Waiting In Vain”, “Exodus” e “Jamming’” - com grandes vendagens. Em 78 a banda capitalizou novo sucesso com “Kaya”, que alcançou o quarto lugar na Inglaterra logo na semana seguinte do lançamento. O álbum mostrava um novo ângulo de Marley, com uma coleção de canções de amor e, claro, homenagens ao poder da “Ganja”. Do álbum foram extraídos dois singles: “Satisfy My Soul” e “Is This Love”. Ainda em 78 aconteceriam mais três eventos com extraordinária importância para Marley. Em abril ele voltou à Jamaica para o “One Love Peace Concert”, quando fez com que o Primeiro-Ministro Michael Manley e o líder da oposição Edward Seaga se dessem as mãos no palco. Ele foi então convidado para ir à sede das Nações Unidas, em New York, para receber a Medalha da Paz. E, no fim do ano, Bob visitou a África pela primeira vez, indo inicialmente ao Kenya e depois à Etiópia, o lar espiritual Rastafari. A banda havia recém terminado uma turnê pela Europa e América que rendeu o segundo álbum ao vivo: “Babylon By Bus”. “Survival”, o nono álbum de Bob Marley pela Island foi lançado no verão de 1979. Ele incluía “Zimbabwe”, um hino para a Rodésia, que logo seria libertada, junto com “So Much Trouble In The World”, “Ambush In The Night” e “Africa Unite”. Como indica a capa, que contém as bandeiras das nações independentes, “Survival” foi um álbum em homenagem à solidariedade Pan-Africana. Em abril de 1980, o grupo foi convidado oficialmente pelo governo do recém libertado Zimbabwe para tocar na cerimônia de independência da nova nação. Essa foi a maior honra oferecida à banda e demonstrou claramente a sua importância no Terceiro Mundo. O próximo disco da banda, “Uprising”, foi lançado em maio de 80 e teve sucesso imediato com “Could You Be Loved”. O álbum também trazia “Coming In From The Cold”, “Work” e a extraordinária faixa de encerramento, “Redemption Song”. Os Wailers então embarcaram na sua maior turnê européia, quebrando recordes de público pelo continente. A agenda incluía um show para 100 mil pessoas em Milão, o maior da história da banda. Bob Marley & The Wailers eram a maior banda na estrada naquele ano e “Uprising” estava em todas as paradas da Europa. Era um período de máximo otimismo e estavam sendo feitos planos de uma turnê na América em companhia de Stevie Wonder no final do ano. No fim da turnê européia Marley e a banda foram para os Estados Unidos. Bob fez dois shows no Madison Square Garden, mas logo após caiu seriamente doente. Três anos antes, em Londres, ele havia ferido o dedo do pé jogando futebol. O ferimento se tornou canceroso e, apesar de ter sido tratado em Miami, continuou a progredir. Em 1980, o câncer, em sua forma mais virulenta, começou a se espalhar pelo corpo de Bob. Ele controlou a doença por oito meses, fazendo tratamento na clínica do Dr. Joseph Issels, na Bavária. O tratamento de Issels era controvertido por só usar remédios naturais e não tóxicos e, por algum tempo, pareceu estabilizar a condição de Bob. Entretanto, repentinamente a luta começou a ficar mais difícil. No começo de maio ele deixou a Alemanha para voltar à Jamaica, mas não completou a viagem. Bob Marley morreu num hospital de Miami na segunda-feira, 11 de maio de 1981. No mês anterior, Marley havia sido agraciado com a Ordem do Mérito da Jamaica, a terceira maior honra da nação, em reconhecimento à sua inestimável contribuição à cultura do país. Na quinta-feira, 21 de maio de 1981, o Honorável Robert Nesta Marley O. M. recebeu um funeral oficial do povo da Jamaica. Após o funeral - assistido tanto pelo Primeiro-Ministro como pelo líder da oposição - o corpo de Marley foi levado à sua terra natal, Nine Mile, no norte da ilha, onde agora descansa em um mausoléu. Bob Marley morreu aos 36 anos, mas a sua lenda permanece viva até hoje.

A historia do Reggae


O Reggae é uma potente força espiritual ouvida e compreendida em todo mundo . É capaz de envolver a alma completamente através de maravilhosos arranjos de melodia e ritmos provenientes de todos os lados do globo.A Jah Music energiza, pulsa, vibra, liberando ondas de energia que inspiram e auxilia na produção de sons criativos; seu timing é o mesmo da ausência do verdadeiro amor com um poder que não conhece barreiras limite.Essa mágica harmônica rítmica traz um prazer especial as musicas de reggae: o mundo parece busca através de seu interminável, uma maneira de voltar-se para si mesmo e, dessa maneira, fortalecer todo universo interior.As ligações entre o reggae e o movimento (religioso, filosófico, político) rastafari são profundas, amplas e complexas. Ambos representam um dos mais notáveis esforços humanos de reconstrução, a reconstrução da dignidade, do destino e da cultura de um povo. Se para quem está de fora, o reggae parece belo mas misterioso, e o rastafarianismo ingênuo, é porque ambos são frutos de séculos de experiência vivida, sofrida, algo que não se empresta nem se divide. Ambos são gestos de fé e, embora toda a razão do mundo possa debater e condenar o objeto da fé, sua mais intima natureza permanece secreta e maravilhosa no coração dos homens.Nem todo reggae é rastafari. Como música, o reggae segue um caminho tortuoso mas continuo, que começa quando uma das formas musicais nativas da Jamaica, o mento, deixa-se contaminar pelas emissões de Rhythym'n blues americanas , via rádio , nos anos 40, e adquire uma forma nova, de ritmo mais complexos, incorporando metais, o Ska. Nos anos 50 e 60, o Ska segue seu próprio caminho evolutivo, inclusive gerando a primeira banda superstar da Jamaica, os Skatalites.A influência da soul music dos anos 60, a ascendência do instrumental eletrônico, baixo e guitarra, e uma nova realidade social e política, independente em 1962, a Jamaica começou a conhecer o êxodus rural e o crescimento das favelas urbanas, com sua inevitável tensão de desigualdade, serviram de caldeirão para a transformação do SKA em rock steady.No final dos anos 60, com uma nova geração de musicos tentando novos jeitos de tocar o rock steady, com a cabeça ou atenta aos cânticos rastafaris, que puxavam pelo lado africano, enfatizando a repetição retmica, ou assumidamente ligada ao movimento, com a pressão social em alta voltagem, nas ruas , nasce em fim o reggae, inicialmente gravado reggay, seu nome é criptico - BOB MARLEY, acreditava que queria dizer "Musicas dos Reis", mas os musicos mais velhos se lembram de que era uma giria muito comum em Trench Town , o gueto principal de Kingston, capital da Jamaica - queria dizer "coisa de rua", "sem importância" ou "intima".Como nessa época, o rastafarianismo ganhava corpo na sociedade urbana e independente da Jamaica, foi quase natural que ele fizesse o reggae sua manifestação publica - e BOB MARLEY, em sua infatigável cruzada, levasse ao mundo os princípios deste misto de religião e atitude política.